quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ribose e performance

A quebra da fosfocreatina pela ação da creatinaquinase (CK) é a principal via de produção de ATP durante curtos períodos de exercício extenuante. No entanto, como a concentração de fosfocreatina muscular rapidamente se esgota, a taxa de refosforilação do ADP através da CK é prejudicada, o que provoca diminuição do conteúdo ATP intracelular e aumenta o conteúdo ADP. Uma fração desse ADP é reduzida a IMP (inosine 5´ -monophosphate) por ação da adenilato quinase e AMP aminase.
Durante exercícios intensos o pool de ATP no músculo esquelético humano é reduzido a inosine 5´ -monophosphate (IMP), este composto produzido no músculo não é permeável a membrana e ao final do exercício é utilizado para a resintese de ATP. Uma parcela desse IMP pode ser desfosforilado em inosina e ser liberado para a circulação junto com produtos da degradação de hipoxantina, que serve como substrato e fonte de nitrogênio, lembrando que essa situação depende da intensidade e duração do exercício.
A perda de nucleotídeos, que são compostos por base nitrogenada, grupo fosfato e uma pentose, pelo músculo é restaurada por dois sistemas: via purina que depende do AMP gerado pela inosina e/ou hipoxantina ou via síntese de novo nucleotídeo, lembrando que uma vez na circulação esses não podem ser recuperados tanto durante atividade como no repouso, portanto a restauração do ATP parece vir através do pool intracelular de inosina e hipoxantina.
Um passo limitante para a síntese de novo nucleotídeos tem sido estudada e postula se que uma enzima chamada phosphoribosyl pyrophosphate (PRPP) tem um papel crucial, onde essa enzima gera ribose 5´-fosfato que por sua vez é sintetizada a partir da fosforização de ribose. O nível de ribose no músculo é limitada, portanto, uma maior disponibilidade de ribose pode aumentar a formação de PRPP e da taxa de síntese de adenina nucleotídeos.
Ou seja, parece que a suplementaçao com ribose teria um efeito benefico na geração de novos RNA mensageiros (mRNA), consequentemente novas proteinas, aumentanto a sintese proteica. A teoria nos mostra essa hipose, mas os trabalhos que encontramos na literatura não confirmam tal efeito.



Hellsten, Y., L. Skadhauge, and J. Bangsbo. Effect of ribose supplementation on resynthesis of adenine nucleotides after intense intermittent training in humans. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol 286: R182–R188, 2004
Seifert JG, Subudhi AW, Fu MX, Riska KL, John JC, Shecterle LM, St Cyr JA. The role of ribose on oxidative stress during hypoxic exercise: a pilot study. J Med Food. 2009 Jun;12(3):690-3
Op 't Eijnde B, Van Leemputte M, Brouns F, Van Der Vusse GJ, Labarque V, Ramaekers M, Van Schuylenberg R, Verbessem P, Wijnen H, Hespel P. No effects of oral ribose supplementation on repeated maximal exercise and de novo ATP resynthesis. J Appl Physiol. 2001 Nov;91(5):2275-81.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Domínio mionuclear e Hipertrofia

Vou tentar esmiuçar um assunto bem interessante e complicado, que vai servir de conhecimento prévio para o próximo post.
Quando chegamos a uma academia ouvimos os profissionais especializados dizerem, que o exercício de força é importante para gerar miotrauma, pequenas lesões no tecido muscular, e esses são importantes para estimular a recuperação desse tecido de maneira mais eficiente, aparecendo então a importância dessa ferramenta para a profilaxia, prevenção de lesões, para varias outras modalidades esportivas.
Sendo assim como estímulos de lesões podem ser benéficos???
Vamos discorrer algumas coisas importantes, nossas células musculares apresentam em seu sarcolema, membrana das células musculares, algumas células que se encontram quiescentes e são chamadas células satélites (satellite cell), que sobre alguns estímulos é capaz de se dividir, migrar e fundir-se para colaborar para a regeneração e/ou crescimento do tecido muscular. Após o estimulo ao exercício ocorre a liberação de varias citocinas e agentes pro e anti-inflamatórios que são responsáveis pelo disparo de varias cascatas de sinalização celular especificas contribuindo para o estimulo de diferenciação das células satélites em mioblastos, ocorrendo assim a recuperação do tecido.
Perante essas situações de injuria e stress sucessivos devido ao treinamento programado surge a hipertrofia, regidos pelo principio do domínio nuclear, em definição este domínio é a área total de sarcoplasma, citoplasma das células musculares, divida pelo número de mionúcleos na fibra muscular. Sabendo que cada mionúcleo rege um determinado volume celular e que o aumento do numero de núcleos derivado da adesão das células satélites permite o aumento do volume celular total, sendo que cada mionúcleo vai ficar responsável por um domínio de volume igual ao inicial sem prejuízo para a homeostasia da fibra muscular.
Sendo assim tentei clarear um pouco sobro os mecanismos de hipertrofia muscular envolvendo a ativação das células satélites.



Kadi F, Schjerling P, Andersen LL, Charifi N, Madsen JL, Christensen LR, Andersen JL. The effects of heavy resistance training and detraining on satellite cells in human skeletal muscles. J Physiol. 2004 Aug 1;558(Pt 3):1005-12


Holterman CE, Rudnicki MA. Molecular regulation of satellite cell function. Semin Cell Dev Biol. 2005 Aug-Oct;16(4-5):575-84. Review.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dia Mundial Sem Carro (DMSC)

Ontem foi o Dia Mundial Sem Carro (DMSC) e te faço uma pergunta: o que você fez para colaborar com essa iniciativa?E vejam essa iniciativa visa melhorar a qualidade de vida de TODOS que habitam nessa cidade repleta de caos...
Durante a concentração que ocorreu na praça do ciclista no inicio da paulista e durante todo o percurso que envolveu a Av. Paulista, 23 de Maio, Marginal Pinheiros e Rebouças pensei e pude constatar que a bicicleta realmente é uma solução palpável a todos. E partindo disso ali as pessoas se divertiram e se sociabilizaram coisa que não estamos acostumados a ver nessa cidade doentia que consome as pessoas e constroem pessoas totalmente individualistas, não ocorreram incidentes, e a idéia fundamental foi cumprida, curtir a liberdade de poder se deslocar com as próprias forças e ser levado por pensamentos.
Realmente reforço o meu pensamento, seres humanos foram feitos para se deslocar e se movimentarem, portanto a postura estática imposta pelos automóveis e/ou no trabalho precisam ser revistos e aproveitando reflita sobre sua postura, estática ou de movimento!
Alguns podem falar que aproveitam o tempo na condução para ler ou fazer algumas tarefas que podem ser feitas nessas condições, mas vejam se usar um meio de transporte fácil e eficiente, sem citar aqui os benefícios para a saúde, provavelmente poderá chegar em casa mais rápido e com mais tempo para fazer coisas que precisa e o mais importante, carregado de menos estresse.
Bom... é isso recado dado!!!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

XXIX Troféu Brasil de Atletismo

Faz algum tempo que queria assistir o Troféu Brasil de Atletismo, e nesse ano consegui um tempinho para assistir na sexta-feira (17/set) algumas provas que foi realizado no Centro Esportivo de São Paulo, com uma pista maravilhosa.
Sabe se que esse conjunto de provas dentre elas: corridas, saltos e lançamentos são consideradas provas nobres e uma das mais antigas realizadas, sendo assim fica fácil saber por que assistir um espetáculo desse a céu aberto se torna uma oportunidade impar e também sou suspeito para dizer algo sobre atletismo pois tenho um grande apreço por essa modalidade.
E pasmem ao chegar ao evento me sento a alguns centímetros do Vanderlei Cordeiro de Lima um medalhista olímpico, e começo a me deparar com um monte de atletas que estamos acostumados a ver nos noticiários e o mais legal e interessante que eles estavam ali ao alcance dos olhos e com uma postura bem simples e acessível, totalmente diferente do estrelismo de alguns “atletas”. Ver aqueles ATLETAS, sim... para mim com letra maiúscula mesmo, no meio da arquibancada sem grandes luxos ou qualquer badalação me fez refletir, sabendo que o atletismo é um esporte que guardadas as proporções pode ser praticado sem muito investimento, porque não encher aquela arquibancada de jovens colegiais e incentivar de alguma maneira essa modalidade com mais fomento e vontade. Por que os canais abertos pouco deram importância para esse evento e preferem continuar a divulgar as mesmices de sempre... bom acho que as respostas podem ser complexas e alongadas!!!
Mas puxando a sardinha para o meu lado, se isso ocorresse teríamos mais pesquisas na área e conseqüentemente mais resultados positivos e acho que com certeza poderíamos almejar algo maior nos jogos olímpicos.
Para aqueles que nunca assistiram... assistam...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Utilização da creatina: objetivos práticos e eficiência

Com a liberação da comercialização da velha conhecida creatina surgem algumas duvidas quanto ao protocolo e/ou estratégia de utilização, mas antes de tentarmos expor aqui alguns dados encontrados na literatura vale lembrar mais uma vez que a creatina orgânica tem duas fontes, a síntese pelo próprio organismo, a partir de 3 aminoácidos (arginina,glicina e metionina) e a ingestão de alimentos, especificamente das carnes. O pool orgânico desta substância encontra-se localizado quase na sua totalidade (95%) na musculatura esquelética e sua regeneração após um exercício intenso é um processo dependente da via oxidativa. A maioria dos estudos de suplementação com creatina tem mostrado a possibilidade de aumentar o pool orgânico deste composto em cerca de 10 a 20%, embora alguns estudos tenham evidenciado acréscimo de até 50% em seus níveis totais, após a suplementação em indivíduos não vegetarianos e de ate 60% em atletas vegetarianos. Sendo assim a creatina é essencial no processo de regeneração do ATP, sendo que em torno de dois terços da creatina é fosforilada pela enzima creatina cinase (CK) formando creatina fosfoto (PCr). Durante a realizaçao de exercícios intensos e explosivos, por exemplo exercícios repetitivos (intermitentes), de alta intensidade, curta duração e com períodos de recuperação muito curtos, o fosfato da creatina fosfato é liberado para fornecer energia para a ressíntese de ATP. Sendo assim a ampliação da reserva de energia no músculo através da creatina tem permitido aprimorar o desempenho físico de atletas e praticantes das mais diversas atividades.
Vamos ao que interessa, na literatura encontramos vários protocolos de utilização, dos mais curtos: 0,35g/Kg de peso corporal por 5 dias, 20g durante 5 dias, 5g diárias de creatina dividas e 4 doses ao dia durante 5 dias, 5g de creatina mais 1g de sacarose 4 vezes ao dia durante 5 dias; protocolos mais longos: 20g por dia durante 10 dias seguidos de 4g por 20 dias, 25g por 7 dias seguidos de 5g por 11 semanas, 20g por 5 dias seguidos de 3 g por 47 dias, 20g por 5 dias seguidos de 2 g por 37 dias, e por ai vai, pois a literatura é extensa nos protocolos, indivíduos e gêneros utilizados. Postula se ainda que a suplementação de creatina juntamente com 1g de glucose/Kg de massa corporal aumenta a absorção da creatina em relação a suplementação sem carboidrato devida a melhor captação auxiliada pela secreção de insulina.
No entanto, um grande número de estudos mostra os efeitos benéficos no ganho de massa muscular, retardar fadiga, melhorar desempenho a esforços intermitentes, número máximos de repetições (RM) e em relação ao desempenho contra vários artigos mostrando dados opostos. Sendo assim o estabelecimento dos efeitos positivos e praticos fica prejudicado devido a essa grande diversidade de protocolos e indivíduos utilizados como modelo dos estudos, portanto a escolha do protocolo utilizado deve ser embasada em um modelo que se assemelha ao seu propósito, levando em consideração o principio da individualidade biológica, salientar mais uma vez que estudos foram realizados para comprovar a segurança dessa suplementação, sendo demonstrado não ser capaz de prejudicar a função renal e hepática, ou seja, essa estratégia parecer ser eficiente e segura.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Tour de France 2010

No próximo dia 3 de julho vai começar um dos eventos mais difíceis do planeta, contando com os maiores e melhores atletas do ciclismo mundial, para aqueles que apreciam e gostam desse esporte é um prato cheio e com imagens de plano de fundo maravilhosas. Prometo que mantenho vcs atualizados pelo twitter (@cienciaexerblog).

quarta-feira, 12 de maio de 2010

BCAA (aminoácido de cadeia ramificada) velho conhecido!



Os BCAAs são velhos conhecido do mundo da suplementação, ou pelo menos para aqueles que se interessam pelo assunto, lembrando que esse combinado contem alguns aminoácidos essenciais, ou seja, aminoácidos que não são sintetizados pelo nosso corpo, como: isoleucina, valina e leucina, a única fonte é através da ingestão alimentar.
Esses aminoácidos estão relacionados a melhora do quadro de imunossupressão que ocorre após a realização de exercícios intensos e prolongados, bem como o aumento da síntese protéica. O aumento da utilização de BCAAs durante o exercício leva a diminuição desses na concentração plasmática, pois são utilizados pelo músculo esquelético como substrato para a produção de glutamina, aminoácido importante para a manutenção da função imune, esse seria um dos mecanismos envolvidos na imunossupressão característica em atletas de atividades prolongadas, citada anteriormente, ou seja, um período de maior suscetibilidade a infecções do trato aéreo, em especial.
Durante a realização de exercícios prolongados a dor muscular e a perda de massa muscular acentuada são fatores limitantes para a manutenção da função muscular. Vários estudos relatam que a suplementação de BCAAs possui um efeito de atenuar a perda muscular e o surgimento da dor muscular, melhorando a performance durante a realização de exercícios intensos.
Um estudo investigou o efeito da suplementação de BCAAs em corredores durante um programa intenso de treinamento. Sendo assim a suplementação pareceu retardar o surgimento da dor muscular e fadiga, juntamente com uma redução da perda muscular, avaliada por marcadores plasmáticos clássicos, acompanhados da redução da inflamação.
Sendo assim vemos mais uma vez que a suplementação realmente pode fazer a diferença em uma determinada situação, e embasar estratégias nutricionais e de treinamento parece realmente fazer toda a diferença quando se objetiva algo a mais...
Matsumoto K, Koba T, Hamada K, Sakurai M, Higuchi T, Miyata H. Branched-chain amino acid supplementation attenuates muscle soreness, muscle damage and inflammation during an intensive training program. J Sports Med Phys Fitness. 2009 Dec;49(4):424-31.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Giro D´Italia



Fala Galera...
Essa dica é para os amantes do ciclismo!No último dia 8 iniciou o Giro D´Italia umas das grandes voltas ciclísticas. Quem quiser acompanhar as etapas segue o link de um site muito bom (http://www.steephill.tv/giro-d-italia/#live).

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Por que insistimos na inércia comportamental?


Essa é a pergunta que sempre me faço diante das respostas das pessoas quando questionadas do por que não fazem atividade física, pois elas sempre usam a mesma frase: eu não gosto... ou eu queria fazer mas não consigo tempo!
Vejam para aqueles que não sabem nos somos seres ativos fisicamente de essência, ou seja, durante a evolução sempre seguíamos o instinto primitivo que é de luta ou fuga, onde lutávamos pela nossa caça ou fugíamos para não sermos a caça, o que é inteiramente diferente de hoje, pois a caça esta a nossa disposição na quantidade e hora que queremos, e a fuga se transformou no estresse do corre-corre diário.
Sendo assim a atividade física é parte da nossa essência, e isso precisa ser incorporado em nosso pensamento, e procurar uma atividade da qual você sente prazer é o primeiro grande passo, o segundo é tentar se conscientizar que você precisa e merece de um tempo para cuidar da sua saúde, entendam que quando sugiro saúde quero dizer uma coisa ampla que não merece ser restrita a uma dieta ou encaixar na sua rotina um lance de escadas ou uma caminhada. Pensem no tempo que você destina para sua vida profissional, e o tempo para sua vida particular, e garanto que esse tempo é inteiramente restrito e limitado, e compreendo que tentar encaixar algo nesse pequeno tempo que resta é muito complicado, mas é necessário, pois a nossa saúde mental e física é o bem mais precioso que temos, e lembrem se que é através dessas capacidades que nos deslocamos e conseguimos fazer tudo que precisamos.
Não quero sugerir aqui que nos tornemos atletas de essência, mas que tentemos nos tornar atletas no pensamento, pois esses indivíduos sempre buscam melhorar e se superar, essa seria uma grande postura inicial diante de uma mudança de comportamento, tornando nos capaz de encarar a atividade física regular como um desafio pessoal, tendo como recompensa o prazer e o bem estar.
Se olharmos para o lado percebemos que somos inteiramente privilegiados por termos o poder da escolha, ou seja, façam suas escolhas e suas apostas...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Beta-Hidroxi-Beta-Metilbutirato (HMβ)


Galera... vou descrever algumas novidades do mundo da pesquisa referentes ao HMβ, tenham somente cuidado para retirar conclusões quanto a administração desse suplemento. Nesse post vão aparecer alguns termos mais técnicos e específicos, mas farei o possível para deixar o texto em uma linguagem bem simples.
Um estudo bem interessante in vitro, ou seja utilizando se de células, tratou de investigar a administração de HMβ em varias concentrações e suas repercussões sobre a proliferação e diferenciação celular em células miogênicas, sobrevivência e vias especificas relacionadas a síntese protéica.
Breve explicação, as células satélites possuem uma capacidade miogênica e contribuem para o crescimento muscular pós-natal e no reparo de fibras musculares danificadas e na manutenção do músculo esquelético adulto, essas se encontram quiescentes na lamina lateral da fibra muscular. Diante de um estimulo que seja o exercício, miopatias ou ciclos de degeneração-regeneração as células geram fatores de transcrição específicos, maquinaria intracelular altamente especifica que ativam as células satélites e geram fatores específicos (Myf5, MyoD) expressos inicialmente levando a proliferação celular e posteriormente outros fatores (Miogenina, MEF2) levam a diferenciação em fibras musculares (miotubo). Ainda outras vias intracelulares podem ser ativadas durante tais estímulos, assim como a via da MAPK que é responsável por induzir a proliferação celular, a PI3K/Akt induzem a diferenciação e hipertrofia muscular, ainda a Akt tem um papel na sobrevivência da célula inibindo as proteínas pro-apoptoticas (BAX), ou seja que induzem a morte celular, e ativando as proteínas anti-apoptotica (Bcl-2, Bcl-X), inibem a morte celular.
Sendo assim o estudo mostrou que tanto os fatores de proliferação e diferenciação aumentaram de maneira dose-dependente ao tratamento utilizado, mostrando assim um efeito miogênico do HMβ, ou seja, mostrando um efeito positivo na atividade das células satélites na diferenciação em miotubos. Ainda tal tratamento aumentou IGF-I e ativação de vias de crescimento e diferenciação celular, como a MAPK, bem como mostrou aumento da atividade da PI3k e Akt, sugerindo uma ação direta desse metabolito, talvez um transportador, apresentando assim mais esse fator para estimulo da síntese protéica. O HMβ ainda se mostrou positivo com a redução de proteínas pro-apoptoticas (BAX) e ativando proteínas anti-apoptotica (Bcl-2, Bcl-X).

Kornasio R, Riederer I, Butler-Browne G, Mouly V, Uni Z, Halevy O.
Beta-hydroxy-beta-methylbutyrate (HMB) stimulates myogenic cell proliferation,
differentiation and survival via the MAPK/ERK and PI3K/Akt pathways. Biochim
Biophys Acta. 2009 May;1793(5):755-63.

terça-feira, 23 de março de 2010

Metodologia e desempenho na corrida


Correr é uma pratica que vem crescendo assustadoramente nos últimos anos, mas tenho uma pequena preocupação com isso, pois ainda acho que muitos acreditam que essa pratica é razoavelmente simples, sem muita complexidade o que discordo, pois uma boa orientação e conhecimento fazem toda a diferença... pois reproduzir conceitos antigos e pegar receitas prontas em publicações de massa não é honesto com você e muito menos com seu corpo, sem contar que dessa maneira não adianta esperar muito dos seus resultados!!!
Neste post separei um trabalho que investigou o treinamento intervalado de alta intensidade (TIA) e baixo volume (4~6 repetições de 30 s tiros máximos – teste wingate bike - com 4.5 minutos de recuperação, 3 vezes por semana) com o treinamento de endurance (TE) tradicional com alto volume ( 40~60 minutos bike - 5 vezes por semana), ou seja, tiros fortes com recuperação com o treinamento volumoso de muitos minutos, pois essa é uma duvida que sempre permeia o ambiente pratico. Nesse trabalho não foram identificadas alterações com relação aos dois métodos (TIA x TE), pois ambos proporcionaram aumento da capacidade oxidativa da musculatura esquelética e induziram adaptações metabólicas importantes ao metabolismo aeróbio. Ou seja leitores, a desculpa de tempo para não praticar uma atividade física não cola mais... pois a atividade se bem orientada com poucos minutos refletem ganhos significativos, e para os atletas mais experientes, fica a dica para utilizar desse método para variar os estímulos e procurar alcançar um ganho a mais nos seus objetivos.
Aos leitores peço desculpas pela ausência nos últimos tempos, mas prometo que vou manter as publicações em dia!!!

Brandão... estamos no rumo certo!!!Parabéns pela prova...

Burgomaster KA, Howarth KR, Phillips SM, Rakobowchuk M, Macdonald MJ, McGee SL, Gibala MJ. Similar metabolic adaptations during exercise after low volume sprint interval and traditional endurance training in humans. J Physiol. 2008 Jan 1;586(1):151-60. Epub 2007 Nov 8.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Carboidrato antes ou depois?



Conversando com um grande amigo, ele sugeriu que deveria comentar algumas coisas mais aplicadas e não tão cientificas. Mas vejam... minha função é aproximar o que vocês e eu fazemos (treinamento), do mundo da ciência e vice-versa. E confesso que essa é minha missão...
Dentro disso, uma das perguntas que sempre ouço é: quando e quanto devo tomar de carboidrato (CHO) no treino de musculação?
Antes de entrarmos nessa questão vamos pensar... sabemos que a massa muscular esquelética esta em constante remodelamento e que esta se encontra em um equilíbrio entre uma taxa de síntese e degradação protéica, desta maneira brigamos e utilizamos das mais diversas estratégias para tentarmos favorecer a síntese protéica, pelo menos a maioria de nos (rs). Para entendermos essa maquinaria imaginemos uma patologia como AIDS ou o câncer que tem a capacidade causar um desequilíbrio nessa balança de ajuste fino, prevalecendo assim degradação protéica, sendo o inverso verdadeiro quando tentamos via estratégia nutricional ou métodos de treino prevalecer a síntese protéica.
Essa semana li um artigo bem interessante, que investigou a suplementação de CHO sobre metabolismo protéico após o treinamento resistido para membros inferiores realizados de forma unilateral, os indivíduos receberam 1 g/kg de CHO ou placebo imediatamente ao inicio do treino e 1 hora depois do termino do treino, onde se investigou a taxa de síntese protéica, marcadores de dano muscular na urina e comportamento glicêmico. Dentro dessa perspectiva foi observado que os indivíduos que receberam a carga de carboidrato imediatamente ao inicio e ao final tiveram diminuição na taxa de degradação protéica com redução dos marcadores de lesão muscular, ou seja, parece que a utilização dessa estratégia tem um efeito benéfico sobre a atenuação do dano muscular durante o treinamento melhorando assim a síntese protéica.
Estratégia, conhecimento e treinamento levado a serio sempre traz resultado...

Roy BD, Tarnopolsky MA, MacDougall JD, Fowles J, Yarasheski KE. Effect of glucose supplement timing on protein metabolism after resistance training. J Appl Physiol. 1997 Jun;82(6):1882-8.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Hormônio do Crescimento Humano e exercício físico

Fisiologicamente, esse hormônio atua promovendo aumento do transporte de aminoácidos para os tecidos e do conteúdo de RNA mensageiros (mRNAs) favorecendo o anabolismo protéico, bem como estimulando a lipólise, sendo importante também para a manutenção da massa óssea e reparo dos tecidos. Estudos relatam que a secreção de GH se eleva durante o exercício, existindo uma relação direta entre a intensidade e a concentração do hormônio. Desta forma, tal hormônio ganhou popularidade devido aos seus potentes efeitos no ganho de massa muscular e sua ação lipolítica. Devido a esses efeitos fisiológicos, o GH têm sido utilizado como um recurso ergogênico, sendo considerado um método ilícito em competições esportivas e olímpicas. Sabe-se que muitos dos efeitos do GH ocorrem, de forma indireta, devido ao aumento da síntese hepática e tecidual de IGF-I, visto que a secreção deste último é estimulada pelo GH. O IGF-I é fator de crescimento que atua praticamente em quase todas as células do organismo, promovendo efeitos generalizados sobre o ganho de massa muscular e reparação. A ação do IGF-I consiste em promover a captação de aminoácidos pelas células, bem como ativar a transcrição de genes que codificam proteínas estruturais e funcionais específicas na musculatura esquelética e em outros tecidos.
Vale ressaltar que alguns estudos demonstraram que determinados estados catabólicos estão associados ao aumento na concentração do mRNA da miostatina, proteína relacionada com o catabolismo protéico e a redução nos níveis do mRNA de IGF-I no músculo.
Nesse sentido, os efeitos positivos do GH, de forma aguda, parecem estar bem claros. Contudo, a exposição crônica a concentrações anormais desse hormônio apresenta efeitos deletérios bem conhecidos, como o efeito diabetogênico, que incluem o aumento da glicemia, estimulação da lipólise, inibição do transporte de glicose, culminando para a resistência periférica à ação da insulina.
Uma outra estratégia postulada foi a utilização do IGF-I. Estudos realizados com animais, ratos hipofisectomizados, ou seja animais que sofreram uma ruptura no eixo hipotálamo hipófise, quando tratados com GH mostraram um aumento de 3 vezes na produção de mRNA de IGF-I muscular, quando comparado com o tratamento com IGF-I, que restabeleceu parcialmente os valores normais, ou seja, o IGF-I estimulado pela ação do GH sobre a musculatura esquelética parece exercer o efeito sobre o aumento da síntese protéica. Sabe-se ainda que peptídeos possuem uma meia vida muito limitada, ou seja, a utilização deste não teria um efeito promissor, bem como não existem suplementos que contenham esse peptidio.
Portanto, a secreção e ação do GH respeita um balanço modulado por vários fatores, descrito anteriormente, levando assim a suas ações. O aumento exacerbado de sua concentração, seja por via endógena ou exógena, pode induzir efeitos deletérios, como a resistência à insulina, o prognatismo (crescimento das extremidades ósseas), hiperlipidemia e a cardiomegalia (crescimento do coração).

Sartorelli, V. and Fulco, M. Molecular and Cellular Determinants of Skeletal Muscle Atrophy and Hypertrophy, Sci STKE (244),11.2004.x
LeRoith D.; Bondy C.; Yakar S.; Liu J.l.; Butler A. The somatomedin hypothesis. Endocr. Rev. 22:53-74. 2001.

Lang, C.H.; Slvis, C.; Nystrom, G. and Frost, R.A. Regulation of myostatin by glucocorticoids after thermal injury. FASEB J. 15(10):1807-9. 2001.

Gostelli-Peter M, Winterhalter KH, Schmid C, Froesch ER, Zapf J. Expression and regulation of insulin like growth factor I (IGF-I) and IGF binding protein messenger ribonucleic acid levels in tissues of hypophysectomized rats infused with IGF-I and growth hormone. Endocrinology 135: 2558–2567.1994.