sábado, 23 de janeiro de 2010

Hormônio do Crescimento Humano e exercício físico

Fisiologicamente, esse hormônio atua promovendo aumento do transporte de aminoácidos para os tecidos e do conteúdo de RNA mensageiros (mRNAs) favorecendo o anabolismo protéico, bem como estimulando a lipólise, sendo importante também para a manutenção da massa óssea e reparo dos tecidos. Estudos relatam que a secreção de GH se eleva durante o exercício, existindo uma relação direta entre a intensidade e a concentração do hormônio. Desta forma, tal hormônio ganhou popularidade devido aos seus potentes efeitos no ganho de massa muscular e sua ação lipolítica. Devido a esses efeitos fisiológicos, o GH têm sido utilizado como um recurso ergogênico, sendo considerado um método ilícito em competições esportivas e olímpicas. Sabe-se que muitos dos efeitos do GH ocorrem, de forma indireta, devido ao aumento da síntese hepática e tecidual de IGF-I, visto que a secreção deste último é estimulada pelo GH. O IGF-I é fator de crescimento que atua praticamente em quase todas as células do organismo, promovendo efeitos generalizados sobre o ganho de massa muscular e reparação. A ação do IGF-I consiste em promover a captação de aminoácidos pelas células, bem como ativar a transcrição de genes que codificam proteínas estruturais e funcionais específicas na musculatura esquelética e em outros tecidos.
Vale ressaltar que alguns estudos demonstraram que determinados estados catabólicos estão associados ao aumento na concentração do mRNA da miostatina, proteína relacionada com o catabolismo protéico e a redução nos níveis do mRNA de IGF-I no músculo.
Nesse sentido, os efeitos positivos do GH, de forma aguda, parecem estar bem claros. Contudo, a exposição crônica a concentrações anormais desse hormônio apresenta efeitos deletérios bem conhecidos, como o efeito diabetogênico, que incluem o aumento da glicemia, estimulação da lipólise, inibição do transporte de glicose, culminando para a resistência periférica à ação da insulina.
Uma outra estratégia postulada foi a utilização do IGF-I. Estudos realizados com animais, ratos hipofisectomizados, ou seja animais que sofreram uma ruptura no eixo hipotálamo hipófise, quando tratados com GH mostraram um aumento de 3 vezes na produção de mRNA de IGF-I muscular, quando comparado com o tratamento com IGF-I, que restabeleceu parcialmente os valores normais, ou seja, o IGF-I estimulado pela ação do GH sobre a musculatura esquelética parece exercer o efeito sobre o aumento da síntese protéica. Sabe-se ainda que peptídeos possuem uma meia vida muito limitada, ou seja, a utilização deste não teria um efeito promissor, bem como não existem suplementos que contenham esse peptidio.
Portanto, a secreção e ação do GH respeita um balanço modulado por vários fatores, descrito anteriormente, levando assim a suas ações. O aumento exacerbado de sua concentração, seja por via endógena ou exógena, pode induzir efeitos deletérios, como a resistência à insulina, o prognatismo (crescimento das extremidades ósseas), hiperlipidemia e a cardiomegalia (crescimento do coração).

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